Às vezes me deparo com tamanha confusão dentro de mim que a única saída é desertar de tais pensamentos, problemas, pessoas... E sempre essas fugas da mente serão mal interpretadas por aqueles que o cercam. Deixar o tempo fluir, deixar que outros decidam não se preocupar. Às vezes me vejo perdido dentro de tal sonho que parece romance de cinema aonde o previsível final feliz será alcançado... Acorde, é só uma ilusão assim como tudo que nos cerca, não importa se é vivo, se é morto, é tudo uma constante linha sem fim. Isso é a vida, estando vivo ou morto...
Foi o que eu disse a mim mesmo quando me vi falecendo na cama do hospital de Moscou, após ter vivido meus longos anos de... De que? De vida... Seria vida mesmo ou estaria eu morto e estava simplesmente nascendo, bem isso eu nunca hei de saber, pois não me lembro, não me lembro das guerras, dos amores, das festas, dos sorrisos, dos problemas. Só me lembro de que sem nenhum prévio aviso me encontrar simplesmente respirando. Você lembra, quando se deu conta de que você respira? Queria lembrar... É uma daquelas sensações para se guardar. Mas não me lembro de nada, de nascer, da minha tenra infância, lembro apenas de do nada me dar conta... De que eu existo? Brotei.
A minha reação ao ouvir tais frases sendo pronunciadas por outro eu foi ter um ataque cardíaco, me engasgar, tossir como um maluco para depois cair da cama morto. Acho que foi pressão demais para mim mesmo. Pensei quando no quarto um as luzes piscam como um vaga-lume perdendo sua luz, outro eu aparece logo percebo que não estou em moscou e que estou dentro de mim mesmo em um desses quartos da mente que se tranca a sete chaves e joga cada uma delas em um dos sete mares.
Esse meu eu puxa uma cadeira e nós começamos a conversar sobre aquelas coisas que nos atormentam, der repente o soar da sirene de bombardeiro me acorda, corro para o porão e rezo, nessas horas até o mais ateu dos ateus clama por deus. Como se um mísero humano fizesse diferença para o criador de um sistema infinito chamado universo, é menos do que um grão de areia na praia...
Me encontro entre os escombros do que um dia foi uma metrópole, estou só... Ponho-me a andar, a busca pelo horizonte vai continuar até o dia em que eu encontrar o final do circulo... O sol, naquele dia havia nascido quadrado... A prisão sou eu mesmo...