Eu, não sou diferente, pensei enquanto tomava meu café frio na frente da máquina de escrever, estava tarde e minha vela acesa na minha cama uma dessas mulheres da vida, que dormia tranqüila sabendo que ganhara o pão do próximo dia. Olhava pela janela, e via aquele decadente bairro inglês no qual vivia, próximo do porto aonde ancoravam os barcos baleeiros peguei um velho cantil e despejei um pouco de gim naquela bebida amarga e fria, bebi e me pus a bater a máquina...
Capitulo 1- Era noite e ele a espiava por entre as cortinas de sua janela, bela e majestosa ela se trocava, primeiro foi-se o vestido, depois o espartilho mostrando seu seios desnudos. Ele a desejou como nunca...Arranquei a folha amassei e a joguei no chão, estava cansado de basear meus textos na minha primeira paixão eram todos iguais citando fatos que marcaram minha juventude, era velho 35 anos nem sei como ainda não tinha morrido de tuberculose da maneira que minha vida era boêmia. Porém ao fazer isso acabei acordando a mulher em minha cama que reclamou dizendo que isso não eram horas. Respondi grosso dizendo que a casa era minha, logo me desculpei ela se aproximou e perguntou se estava tudo bem confirmei com a cabeça. ela se retirou dizendo que estava tarde e que eu sabia aonde encontra-la caso quisesse "companhia".
Me lembrei da imagem do meu pai e daquele bigode dele, por um momento sorri, mas logo lembrei que não tinha o visto desde o dia em que brigamos e eu sai de casa. Briga boba, ele queria um futuro pra mim como médico, eu queria ser escritor. Moral sou escritor sem pai, frustrado e sem um tostão furado, ao menos se eu tivesse virado médico teria dinheiro para pagar prostitutas de melhor qualidade.
Só escrevo sobre o amor mas nuca formei e nem pensei em formar uma familia, quem sou eu pra escrever sobre amor, se eu não sei o que é amar. É como se perder dentro de um labirinto de sonhos, caminhar enquanto o sol se punha. Não sabia ao certo se quem eu era, essa era a moral de todos aqueles pensamentos. Fui ao banheiro peguei minha lamina de barbear, me olhei no espelho. Fiz a barba arrumei meu pequeno apartamento e sai, com uma mala com tudo o que eu tinha, não era muito mas era o que eu tinha.
Me aproximei de um dos navios que estava ancorado, haviam uns homens jogando dados. Perguntei como eu conseguia um vaga, eles me apontaram a porta de uma decadente cabine, a qual me dirigi. Ao entrar vi um velho barbado, que me perguntou o que eu queria, disse que eu era escritor e que eu queria relatar um conto sobre baleeiros. Ele riu da minha cara, para disfarçar, também ri, ele perguntou sério o que eu queria, respondi sério que desejava me juntar a eles. O velho riu mostrando seus poucos dentes e disse, estávamos precisando de mais um, mas me alertou que era muito perigoso. Respondi que já estava morto por dentro. Ele sorriu e me disse que o barco partia as 6 da manhã seguinte, e que se eu tivesse que resolver algo que eu fizesse logo.
Como eu não tinha ninguém, passei minha ultima noite na cidade com uma prostituta, afinal por um bom tempo ficaria em abstinência. Cinco e meia já estava na frente do navio, vi o capitão de relance era um homem sério, uns colegas lavavam o chão me agachei e me pus a ajuda-los. passamos três dias e nenhuma baleia foi avistada. durante as noites escrevia em meu diário o que havia acontecido, a muito tempo não me sentia assim tão... vivo. E essa é minha história doutor.
Anotando tudo que seu paciente dizia o psiquiatra, apertou um botão e sua mesa e disse, mandem os enfermeiros entrarem. Depois que o paciente recebeu uma dose de penicilina e saiu, o médico concluiu: Todo homem tem um refugio seja, ele sua mente, sua televisão, seu papel, seu computador, ou os braços de alguma prostituta barata. Ele quando se vê dentro de uma questão de desespero simplesmente corre para um desse lugares para tentar se esquecer dos problemas ou até mesmo para se desabafar. A agonia, a dor, a tristeza. O refugio deste homem foi a mente...